terça-feira, 28 de julho de 2009

No coracao da Africa

Hoje 'e o penultimo dia do Summer Holidays. Eu fiquei em casa com RObert, Olga e David. Durante o dia vinham v'arios suportes para ajudar, mas aconteceu que durante as tardes o grupo de cooperadores era todo de africanos de v'arias nacionalidades e eles nao se incomodavam de falar Suahile, Burunde, Frances, Igles, tudo junto e algo mais.
Foi um per'iodo dif'icil pra mim porque a rotina com Robert me sobrecarregou pois eu era o unico a conhecer suas especificidades e ficar em casa quase todo o dia.
Foi uma experiencia boa, pois eu perdi o medo de mexer na casa pois tivemos a visita de uma fiscal canadense e eu precisei junto com os demais arrumar tudo e limpar tambem.
Mas quero falar mesmo da experiencia com os africanos. Primeiro de tudo sobressai o sentimento colonialista de que eu devo ensinar algo pois eles nao fazem as coisas como devem ser feitas. Superada essa mentalidade minimalista vem a sensacao de que eu sou um extrangeiro na minha pr'opria casa, pois os idiomas eram totalmente diversos e por muitas vezes me vi excluido das conversas. Mas depois de dez dias j'a se comeca a separar as palavras e podemos repetir e comecar a entender os contextos, interferindo tb.
Mas o mais instigante que me levou ao coracao da 'Africa foi que durante v'arios jantares eles falaram dos problemas que seus pa'ises enfrentaram e continuam suportando. Um tema geral foi sobre Ruanda, o genoc'idio dos Tutsis, a forma como cada um lembrava e narrava suas experiencias acerca desse fato foram impressionantes. Eu obviamente nao entendi quase nada do que eles falaram, mas dava pra sentir nos seus gestos e sons a tensao dessa Hist'oria. Eram bombas caindo e estracalahndo tudo, pessoas correndo, morrendo, matando, tiros,... Tudo aquilo que se espera de um genoc'idio...
Mas o que mais me impressionou mesmo foi quando eles tentaram falar sobre a origem do conflito, onde cada um discordava dos demais e ninguem se entendeu, muito menos eu, mas num determinado momento um deles falou sobre a diferenca de lingua que seria um dos fatores de influencia do conflito. Ingles e franc^es se degladiando em pleno s'eculo 20. Entao eu fiquei a pensar o quao antigo 'e esse conflito para a Hist'oria Ocidental e supostamente superado para a grande m'idia. Eu nao sei se esse homen tem razao de falar em linguagem ou nao, mas 'e interessante ouvir de uma pessoa que provavelmente nao domina a Hist'oria das antigas guerras europ'eias falar assim. Quanto um conflito pode repercutir no tempo e nos espacos? Engracado ainda como tudo comeca, duas ou poucas pessoas entram em conflito e pronto, nunca se sabe onde as coisas vao parar! Triste constatar quantas pessoas sofrem de forma inocente todas as consequencias.
Hoje eles falaram de outras coisas durante o jantar. Cada um falou do fim desse per'iodo de summer holidays e o que vao levar na mem'oria de cada um que estava na mesa. 'E como uma grande pequeno ciclo superado e resgatado na Hist'oria Oral de cada um. Foi interessant'issimo, como uma avaliacao nao artificial ou forcada desse processo. Diferente da forma que costumamos usar pra resolver essa questao.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O primeiro quase tornado agente nunca esquece

A perspectiva de um pr'edio do centro da cidade. Eu 'e que nao queria estar num edif'icil numa hora dessas:



A minha Team Lider perguntou se eu j'a tinha visto isso . Relampagos da cor verde, azul, vermelho. Eu respondi que nao. Na foto parece photoshop, mas nao 'e.



Agora a perspectiva de um morador de um bairro distante. A minha casa fica a duzentros metros desse cume que vc v^e.


Outra perspectiva um pouco mais tarde. Igualmente perigosa.
alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5360432711538691650" />


Ontem eu passei por uma experiencia nova e impactante para um cearense. Como voces sabem eu estou morando em Edmonton - Canad'a por pelo menos oito meses e meio. Pois bem, h'a pelo menos vinte e cinco anos isso nao acontecia e ontem um tornado quase se formou aqui. Na frente da minha casa eu pude ver um cone de ventos quase tocar o solo e por um minuto eu pensei que nao ia escapar dessa. Faltou energia e nos passamos um sufoco incr'ivel com os acolhidos da minha comunidade. Olga j'a estava na cama e Jeff tamb'em (e ambos dormem no por~ao), mas Sara nao entendia a gravidade da situacao e se recusava a vir pra baixo e Robert est'a muito idoso e nao pode sair sozinho de sua cama. Assim precisamos desloca-lo com muito cuidado e ao mesmo tempo rapidez. Foi uma operacao dificil e ao mesmo tempo equilibrada.
Por muitas vezes eu vi a morte de perto. Essa foi uma delas. 'E incr'ivel como nossa finitude 'e latente e nao podemos esquecer dela sob nenhuma hip'otese. 'E perigoso. N~ao podemos perder nenhum momento de vida, mas tambem nao devemos arriscar um s'o momento.

Veja a p'agina do jornal do dia:

http://www.edmontonjournal.com/opinion/Tornado+watch+ends+Edmonton+area/1771681/story.html

Essas fotos eu encontrei no jornal.