quinta-feira, 11 de março de 2010

Vida em conversão!

Nessa quaresma cabe ouvir Jesus e seus profetas, cabe pensar nos meus próprios atos de solidão e medo, minhas angústias e fragilidades, cabe pensar a fé, não a fé virtude católica, mas a teologal, aquela que vem do fato de sermos humanos, vivendo juntos, numa sociedade, numa cultura, numa história, numa biosfera e partilharmos a existência em fé no outro, mas sem consciência disso... Vale lembrar que fé é acreditar sem matéria, e aí acreditamos no motorista do onibus, mesmo sem saber como ele tirou a carteira de motorista, no cheff do restaurante, mesmo sem saber que nível de depressão ele possui, no piloto do avião, no pai e na mãe, no padre (que mesmo sem ter tomado café com Deus fala em nome dele), no carteiro, no site de compras da internet, no google que guarda nossos documentos eletronicos com tanta presteza (e grátis),... Vivemos na fé, e nela existimos, mas tem muitos religiosos no meio de nós em desespero, aqueles que criam no capitalismo, no mercado livre, na livre concorrência, em todos esses deuses falidos e desiludidos que nossa sociedade cria tanto e hj sabemos não gerarem vida... O resultado? Frustração e depressão...
Frustraçao e Depressãso são resultado da perda da fé nas nossas religiões... Qual era a sua religião? Sua crença, sua fé?
Hj eu trago o site de Leonardo Boff, me desculpem os muitissimos católicos papais, mas o profeta deve gritar, e mesmo os não católicos ou cristãos, criticos sociais e estudiosos, todos meus amigos que eu amo tanto. Procurem passar um tempo nos artigos, não fique só em um pensando ser determinista ou em outro simplista pois todos são artigos e como tais devem ser limitados, leiam vários antes de tomar suas decisões e por enquanto deixo um a seguir, mas nao esqueçam de comentar com as religióes e deuses que vcs acreditam/vam e como eles trazem desilusões e depressões...



"Se não vos converterdes, todos perecereis"


Disse Jesus nos evangelhos:"Se não vos converterdes, todos vós perecereis". Quis dizer: "Se não mudardes de modo de ver e de agir, todos vós perecereis". Nunca estas palavras me pareceram tão verdadeiras como quando assisti a Crônica de Copenhague, um documentário da TV francesa e passada num canal fechado no Brasil e, suponho, no mundo inteiro. Na COP-15 em Copenhague em dezembro último, se reuniram os representantes das 192 nações para decidir a redução das taxas de gases de efeito estufa, produtores do aquecimento global.

Todos foram para lá com a vontade de fazer alguma coisa. Mas as negociações depois de uma semana de debates acirradíssimos chegaram a um ponto morto e nada se decidiu. Quais as causas deste impasse que provocou decepção e raiva no mundo inteiro?
Creio que antes de mais nada não havia suficiente consciência coletiva das ameaças que pesam sobre o sistema-Terra e sobre o destino da vida. É como se os negociadores fossem informados de que um tal de Titanic estaria afundando sem se dar conta de que se tratava do navio sobre o qual estavam, a Terra.

Em segundo lugar, o foco não estava claro: impedir que o termômetro da Terra suba para mais de dois graus Celsius, porque então conheceremos a tribulação da desolação climática. Para evitar tal tragédia, urge reduzir a emissão de gases de efeito estufa com estratégias de adaptação, mitigação, concessão de tecnologias aos países mais vulneráveis e financiamentos vultosos para alavancar tais medidas. A preocupação agora não é garantir a continuidade do status quo mas dar centralidade ao sistema Terra, à vida em geral e à vida humana em particular.

Em terceiro lugar, faltou a visão coletiva. Muitos negociadores disseram claramente: estamos aqui para representar os interesses de nosso país. Errado. O que está em jogo são os interesses coletivos e planetários e não de cada pais. isso de defender os interesses do país é próprio dos negociadores da Organização Mundial do Comércio, que se regem pela concorrência e não pela cooperação. Predominando a mentalidade de negócios funciona a seguinte lógica, denunciada por muitos bem intencionados, em Copenhague: não há confiança pois todos desconfiam de todos; todos jogam na defensiva; não colocam as cartas sobre a mesa por temerem a crítica e a rejeição; todos se reservam o direito de decidir só no último momento como num jogo de pôquer. Os grandes jogadores se omitiram: a China observava, os EUA calavam, a União Européia ficou isolada e os africanos, as grandes vítimas, sequer foram tomados em consideração. O Brasil no fim mostrou coragem com as palavras denunciatórias do Presidente Lula.

Por último, o fracasso de Copenhague - bem o disse Lord Stern lá presente - se deveu à falta de vontade de vivermos juntos e de pensarmos coletivamente. Ora, tais coisas são heresias para espírito capitalista afundado em seu individualismo. Este não está nada interessado em viver juntos, pois a sociedade para ele não passa de um conjunto de indivíduos, disputando furiosamente a maior fatia do bolo chamado Terra.

Jesus tinha razão: se não nos convertermos, vale dizer, se não mudarmos este tipo de pensamento e de prática, na linha da cooperação universal jamais chegaremos a um consenso salvador. E assim iremos ao encontro dos dois graus Celsius de aquecimento com as suas dramáticas consequências.

A valente negociadora francesa Laurence Tubiana no balanço final disse resignadamente:"os peixes grandes sempre comem os menores e os cínicos sempre ganham a partida, pois essa é a lógica da história". Esse derrotismo não podemos aceitar. O ser humano é resiliente, isto é, pode aprender de seu erros e, na urgência, pode mudar. Fico com o paciente chefe dos negociadores Michael Cutajar que no final de um fracasso disse: "amanhã faremos melhor".

Desta vez a única alternativa salvadora é pensarmos juntos, agirmos juntos, sonharmos juntos e cultivarmos a esperança juntos, confiando que a solidariedade ainda será o que foi no passado: a força secreta de nossa melhor humanidade.

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